segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Samambaia


Ontem, domingo dia 05, estive junto a algumas pessoas que amo muito e tenho aprendido a respeitar mais a cada dia, em nosso espaço de campo. Temos nos dividido em esforços para organizar o espaço, pois agora, no dia 10 de Novembro, teremos a "1º peregrinação aos caminhos de Aram Kaá". E eu vi uma samambaia. Esse dia será especial para a história do Templo, pois marcará a primeira caminhada e consagração desse espaço, pelo nosso esforço em fazer um mundo melhor para nós e para todos que amamos. E a samambaia, solitária, nada fazia. Pensava, em minha vã ignorância que fazer o bem era algo para pessoas realmente iluminadas, e que haviam perdido o contato com as humanas criaturas, que por vezes sabem tanto ferir e interferir em nossas vidas, mesmo que façamos tudo certinho. Imaginava eu que uma pessoa, para fazer o bem teria de abdicar de tudo o que ama e devotar sua vida a auxiliar os outros, sofrendo todo tipo de manifestações negativas, sem se exaltar e não sofrer, jamais com isso. E a samambaia, sob a ação do vento, se movia como se nada acontecesse. Alguém que conseguisse deixar sua família para traz, e confesso que isso para mim era demais. Eu não poderia viver sem um abraço de meus filhos, ou de um carinho de meus amigos. Abandonar os luxos. Pensava eu nisso, e me atormentava imaginar em ter de ficar sem o conforto, pensem comigo,ter uma geladeira, onde residem nossas guloseimas, ou simplesmente uma água bem gelada, para os dias quentes? E aquelas folhas verdes grandes, com suas raízes fincadas no chão, iriam permanecer ali, para sempre, simplesmente como uma samambaia. Imaginava ficar sem o conforto de um automóvel, com sua usabilidades e mobilidade, que diminui distancias e facilita vidas, a minha vida ao menos.  Imaginava eu não poder ter um supérfluo, como uma roupa nova. Nesse caso me ajudem as mulheres, pensem comigo. Sem compras, sem novidades, sem... Não que somente as mulheres busquem isso, porém todos sabemos que vocês sabem usufruir muito mais do que os homens, ou alguns, ou eu, esse sabores de uma roupa nova e todo o prazer que ela pode proporcionar e proporciona. Imaginem ficar sem, para servir ao próximo, que em muitos casos nem irá lhes agradecer? E a samambaia havia nascido, com toda sua empáfia em meio as pedras, que indiscrição.

Isso tudo me vinha a mente, antes como reflexo de minha ignorância (ato de inorar, não saber), diante do ser humano e de tudo o que nos cerca. Tenho me fascinado, a cada passo de minha trajetória com a natureza humana. Nossas limitações, nossas ansiedades e diante de todas as limitações, doenças, desassossegos e transtornos que nos envolvem, nossa vibração e insistência em fazer e sermos mais. Somos realmente limitados diante de toda a natureza. Corpos fracos, estruturas ósseas que se danificam com facilidade. A mente humana é terrível. Temos de estar sempre de guarda, ou ela pode nos levar a loucura. Nossas emoções tem a capacidade de fazer um turbilhão em nós e destruir pessoas e situações em alguns segundos. Diante de tudo isso, e mesmo por isso ainda lutamos e vencemos, então, como largar tudo, para ser "bom"?

O que tenho para mim, e procuro ensinar e levar adiante é que não temos a necessidade de abandonar tudo o que nos faz felizes, até porque alguém infeliz não pode auxiliar outro a ser feliz. Podemos e devemos executar nossas buscas individuais, sem excessos, e ao efetuar nossas buscas, procurar não ferir que quer que seja. Manter nosso foco para não pisarmos sobre as necessidades e vontades daqueles que nos cercam, como família humana. Não é preciso que deixemos de comprar nossas roupas (aplauso das mulheres, agora!), nem que desliguemos nosso refrigerador, ou que abandonemos nossos carros. Porém, precisamos nos perguntar, ao fazer tudo isso, qual o sentido real da samambaia. Uma planta que cresce solitária em meio a mata, como pessoas que vivem ao nosso redor e que não temos o direito de arrancá-las de seus sonhos, como não arranquei aquela que estava ontem, em seu lugarzinho,só vivendo seu espaço. Eu poderia te-la retirado dali, sem muito esforço, porém pensei em tudo o que expus acima e coloquei em meu caminho, como a samambaia e com isso me perguntei: E se alguém me tirasse de dentro de tudo o que vivo e amo, eu estaria feliz? Não! Portanto, como a samambaia, que apenas vive e se alimenta, sem buscar interferir negativamente no seu ecossistema, vou eu vivendo, amando e auxiliando meu ecossistema sem interferir negativamente, ou ao menos buscando não fazer isso, como a samambaia...

Temos o direito de nutrir nossa vida com tudo o que é bom, porém, também, de não interferir negativamente em nosso ecossistema, retirando mais do que o necessário para que sejamos felizes. Porque tudo o que utilizamos em demasia, mesmo se tratando de pensamento e sentimentos, fará falta, em algum momento, a alguém, ou a nós próprios.

fazer o certo é fazer o que é necessário, não o que desejamos!

Bom dia, boa semana, luz e paz a todos.

Rigoberto franceschi, Dirigente do Templo Guerreiros da Luz